Perspectivas e desafios para um novo ano


“O compromisso e capacidades de nossa equipe são cada vez mais revigoradas pelos processos
e resultados do nosso trabalho”
 | Foto: Sara Brito – Acervo Centro Sabiá

Por Alexandre Henrique Pires (coordenador geral do Centro Sabiá)

O ano de 2016 ficará marcado na história do Brasil, sobretudo no que se refere ao contexto político. A forma como Dilma Rousseff foi afastada da presidência do país tem como pano de fundo um conjunto de motivações de natureza puramente política e ideológica. Esse desfecho mostra ainda a fragilidade dos nossos processos democráticos, e de forma muito evidente a falência de um sistema de participação representativa que não corresponde aos interesses da população brasileira, mas sobram afinidades com os interesses privados e do mercado financeiro.

Esse desfecho histórico tem gerado uma série de preocupações manifestadas por estudiosos, lideranças dos movimentos sociais e organizações de defesa de direitos, uma vez que a agenda da aliança política que assumiu o poder nacional tem evidentes relações com a burguesia e entre seus objetivos estão o desmonte das conquistas da classe trabalhadora, a entrega do patrimônio nacional ao mercado financeiro internacional, e a quebra da indústria nacional, entre tantas outras. Direitos e conquistas históricas estão sendo cortados e outros tantos ameaçados pelo argumento de uma crise econômica que foi forjada pelo sistema financeiro que controla a política e a economia nacional e quer cada vez mais aumentar seu lucro.

Esse cenário traz também muitas preocupações para a classe trabalhadora, que tem sentido na pele a diminuição de sua capacidade de compra, cortes significativos de recursos em programas sociais como o FIES, Minha Casa Minha Vida, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e programa de Cisternas, como exemplos. As bolsas de estudos das universidades federais e recursos para pesquisa foram cortadas, a aprovação da PEC 55 reduzirá ao longo dos próximos vinte anos os investimentos em saúde e educação. Um retrocesso que será sentido por várias gerações. Sem contar com os inúmeros casos de corrupção em que estão envolvidos o presidente da República e o alto escalão do governo, os mesmos que chegaram ao poder propondo o fim da corrupção.

É nesse contexto que os movimentos e organizações sindicais e sociais iniciam o ano de 2017, com desafios que remetem a um período que julgava-se superado. E por isso, o Centro Sabiá tem reforçado em seu planejamento para 2017 a necessidade de fortalecer os espaços de redes e articulações sociais que lutam em defesa dos direitos da classe trabalhadora. De fortalecer espaços como a Frente Brasil Popular, como espaços de convergência do campo popular e democrático para reconstruir as forças necessárias para a retomada do poder. Entre os desafios para essa perspectiva está a necessidade de reforçar programaticamente suas bases metodológicas e conceituais para os processos de formação e mobilização social dos sujeitos políticos com os quais trabalha agricultores, agricultoras, consumidores das feiras agroecológicas, juventude camponesa, estudantes e militantes da Agroecologia.

Desafios que requerem reafirmar nessa convergência de forças políticas pautas como o Direito à Comunicação, que é fundamental para avançarmos na construção de uma sociedade mais justa e sustentável; o Direito à Alimentação Adequada, que requer uma luta permanente pela soberania e segurança alimentar e nutricional, numa sociedade que tem perdido as culturas e diversidade alimentar pela tentativa de homogeneização dos alimentos; e pelo Direito de Acesso à Água, quando o Semiárido passa por um dos maiores períodos de estiagem já vividos na história recente e que as ameaças à “indústria da seca” ameaçam retomar um papel de destaque em detrimento da construção da Convivência com o Semiárido.

Essas são algumas das tantas perspectivas e desafios que nos esperam nos frontes de luta em 2017, mas também podemos reafirmar que as parcerias tem se intensificado e fortalecido nossas capacidades de enfrentamento e incidência política, e o compromisso e capacidades de nossa equipe são cada vez mais revigoradas pelos processos e resultados do nosso trabalho. Que 2017 seja um período de acumular forças e estabelecer alianças em defesa de um mundo melhor.

 

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Nós, do Centro Sabiá, desde 1993 promovemos a agricultura familiar nos princípios da agroecologia. Nossa missão é "plantar mais vida para um mundo melhor, desenvolvendo a agricultura familiar agroecológica e a cidadania". Seu apoio através de uma doação permite a continuidade do programa Comida de Verdade Transforma e outras ações solidárias e inovadoras junto ao trabalho com crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar.

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