Por uma ATER pública, permanente e com enfoque na Agroecologia!

Por Thaís Queiroz. Fotos: Pedro Araujo

“Enquanto tiver agricultor no campo, tem que ter Assessoria Técnica”. A fala de José Augusto Cabeludo da Silva, agricultor Agroflorestal de Rio Formoso, na Mata Sul de Pernambuco, resume bem o espírito do Seminário Caminhos para a Sustentabilidade do Campo, encerrado nesta quarta (22/11). Para marcar este momento foi realizada uma roda de conversas sobre os três anos da Ater (Assistência Técnica e Extensão Rural) Agroecológica. 

Participaram técnicos, representantes do terceiro setor, acadêmicos e membros da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Antigo Ministério do Desenvolvimento Agrário). 

O encontro começou com o depoimento emocionante da agricultora Maria Gerlande, do município de Flores. “Esse projeto foi uma coisa maravilhosa na minha vida. Apesar de trabalhar no campo desde os oito anos, eu destruía meu próprio solo. Só tenho a agradecer por tudo que aconteceu na minha vida desde a chamada”, disse.

A juventude foi representada por Ivanildo Paulino, do assentamento Camarão, de Barreiros. “Quando a assistência técnica chegou na minha vida mudou meu mundo como jovem e de uma forma muito maior. Foi quando começou meu processo de libertação, de conhecimento”, afirma.

Interessante ainda foi saber que tantas vidas foram transformadas para melhor a um custo relativamente baixo: “Podemos ver que por apenas quatro reais ao dia proporcionamos uma mudança de realidade para essas pessoas, empoderando cada uma delas”. Quem apresentou esse e outros dados foi a Professora Horasa Andrade, do Núcleo Agrofamiliar da UFRPE. 

Em entrevista com os beneficiados, ela identificou os principais avanços e os limites da chamada pública de assistência agroecológica. Discussões sobre feminismo, ampliação do público beneficiado e compreensão das políticas públicas foram os pontos altos; enquanto desafios como a seca, segurança no campo e não antecipação de recursos foram alguns dos desafios.

O presidente da Fetape (Federação dos Trabalhadores Rurais de PE), Doriel Barros, destacou a importância das políticas públicas para a agricultura familiar e para a agroecologia. “Os agricultores e agricultoras familiares não estão se deixando abater pelos desafios e têm se empenhado para que agroecologia seja fortalecida em nosso Estado”, disse. 

Ativismo também foi a palavra de ordem do último dia do seminário. Carlos Eduardo Leite, coordenador geral do Serviço de Assistência a Organizações Populares Rurais (Sasop), afirmou que a luta para que a ATER Agroecológica seja um programa permanente do Governo continua. “Esse jogo não terminou e depende de nós, porque a gente vai se mobilizar a cada fim de chamada e se for preciso vamos até Brasília para mostrar que é viável. Os retrocessos existem, mas nos animam a lutar pelo que temos direito”, disse. 

As demandas populares foram ouvidas atentamente pelos representante do antigo Ministério do Desenvolvimento Agrário, Marcos Pavarino, Coordenador Geral de Agroecologia e Produção Sustentável (da atual Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário – Sead).  “Para 2018, a prioridade será manter os contratos que já estão em andamento. O problema é que temos menos recursos. Vamos batalhar para que novas chamadas sejam abertas e o Centro Sabiá é uma referência em agroecologia”, declarou. 

Por que não tornar a ATER Agroecológica uma prática permanente? “Nosso objetivo é universalizar a assistência técnica, mas o problema é que não temos verba suficiente e temos que selecionar para onde ela vai”, disse Pavarino.

A ATER Agroecológica executada pelo Centro Sabiá atingiu 53 municípios pernambucanos no Agreste, Zona da Mata e Sertão, beneficiando mais de 3.000 famílias. Um número ainda pequeno: estima-se que hajam 200 mil famílias que trabalham com agricultura em Pernambuco. “Mesmo diante de um contexto político desfavorável e com seis anos de seca, conseguimos cumprir 85% dos serviços contratados. Esse não é o fim da agroecologia, é apenas o final de um projeto”, afirma Alexandre Henrique Pires, coordenador geral do Centro Sabiá.

Por uma ATER pública, permanente e com enfoque na Agroecologia!

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